Livro Físico
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R$ 65,00
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1 – A pré-venda desta obra literária será realizada entre os dias 1 de outubro a 1 dezembro;
2 – A partir do dia 1 de dezembro, a editora conclui o projeto gráfico e envia os pedidos para a gráfica responsável pela impressão dos livros;
3 – Os envios começam a partir do dia 8 de dezembro. O cliente é avisado do envio pelo email cadastrado no ato da compra;
4 – O cliente pode solicitar reembolso do valor investido na pré-venda até o dia 30 de novembro.
Agatha convive com eventos estranhos desde muito cedo e luta para esconder isso de todos à sua volta.
Até que em uma noite, ela sonha com um jovem misterioso que a procurava no Farol da Barra. Movida por esse sonho, ela decide segui-lo e acaba descobrindo coisas que mudarão sua percepção do mundo e, principalmente, de si mesma.
Agora, Agatha e Karim devem se preparar para o que está à frente, algo que ameaça tudo aquilo que ela ama.
A Herdeira e o Pirata é uma história sobre o limite entre justiça e vingança, a busca pela liberdade e um amor que transcende a morte.
Rafaela Andrade nasceu em 1987 em Salvador, Bahia. Por muito tempo, perdeu-se da arte e da escrita, mas nos tempos difíceis da quarentena, ela se reencontrou.
Psicóloga e agora escritora, publicou contos em diversas antologias antes de publicar seu primeiro livro, A Herdeira e o Pirata, pela Editora Fantásticos. Pretende construir uma carreira a partir daí.
Mora no Oeste da Bahia com seus sete gatos, muitos livros e seu material de desenho.
Subgênero: Fantasia científica
Páginas: 360
Autores: Rafaela Andrade
Formato: 15 x 21cm
Acabamento: Sem laminação
Miolo: Polen 80g
Edição: 1ª Edição
Capítulo 1
Ouço uma voz familiar.
— Anjinho — ele me chama. — Eu te procurei por toda parte.
Ergo a cabeça e vejo um rosto jovem, de alguma forma conhecido. Toco a pele cor de mel com meus dedos pálidos, encarando os olhos azuis profundos. Seus cabelos brancos molhados não parecem pintados e seu cheiro me acalma.
Observo ao redor e o odor de água salgada e grama molhada me invade. Vejo o Farol da Barra de frente para o mar. Eu estou perto da atração turística de Salvador. À minha frente, há uma pequena piscina natural. Estou no Buraco da Sereia, vazio. Nuvens pesadas cobrem a lua. Chove copiosamente.
É então que abro os olhos cor-de-rosa, uma lágrima de sangue tingindo a minha bochecha, que eu sinto corar pelo sonho. Eu preciso saber. Sorrio com a ideia de algo me esperar lá. Alguém.
Durante todo o dia me debato com o pensamento de que tem algo de especial nesse sonho. Eu não conheço aquele rapaz, mas ao mesmo tempo ele é tão familiar… e se eu fosse até lá?
Depois de tantos pesadelos, não consigo afastar o pensamento de que é uma espécie de sinal. Eu sei que o cérebro é incapaz de criar rostos em sonhos, então… é loucura, mas e se for algum tipo de premonição? Já é tudo tão louco em minha vida. Eu preciso saber o que isso significa…
Se tudo isso fizer sentido… É por isso que vim, mesmo na chuva e a pé, já que ninguém aceitou a corrida.
Agatha, você só pode estar louca. Sorrio como quem foi pego fazendo pose no espelho, enquanto ando a passos rápidos, debaixo da chuva torrencial, pela avenida Oceânica. Meus pés estão submersos até os tornozelos nos melhores trechos. O trânsito permanece denso apesar do horário.
É uma loucura isso, eu sei. Andar na rua, mais de meia noite, sozinha, por causa de um sonho. Mas não é qualquer um. É o único que tive em cerca de seis anos, porque em todas as outras noites certamente foram pesadelos.
Sangue escorre da espada manchando minhas mãos brancas. O cheiro de ferro inunda minhas narinas. Soldados locais jazem no chão, suas vidas tiradas por mim e pelos meus companheiros. Um agricultor com seu facão ou qualquer outro civil pobremente armado, a depender do dia, avança contra mim. Eu desvio como se fosse o ataque de uma criança e o atinjo. Eles caem como bonecos de pano.
É como dançar e eu sou uma dançarina mortal. Entretanto, rios quentes escorrendo pela minha face desmentem a ausência de sentimentos dos meus atos.
Lágrimas de sangue.
Todas as noites tenho pesadelos como esse. Sempre acordo com o coração saindo pela boca e caindo com um estrondo na cama. Mas hoje me levantei com um sorriso. Parecia real, mas de alguma forma eu sabia que não era.
Tudo isso desde os meus quinze anos: meus olhos mudaram de cor, minhas lágrimas se tornaram sangue e passei a liberar essa eletricidade que não sei de onde vem.
Claro que o plano original não era vir a pé, porém, mais uma vez, consegui perder o controle da minha ansiedade e eletrocutei o carro com as mãos, provocando uma pane. Meus pais não entenderam como eu consegui fazer isso a primeira vez e não vão agora. Eles desconhecem o que se passa comigo.
Não que eles sejam ruins: eu é que sou uma aberração. Tenho medo da reação das pessoas quando me descobrirem, inclusive da decepção dos meus pais.
Desperto dos meus pensamentos quando uma pessoa em situação de rua me aborda, cumprimentando-me. Tomo um susto, mas olhando bem, ele não parece uma ameaça. Está mal vestido, encharcado e descalço, o que dá dó de ver, mas não parece armado. Seus olhos estão limpos. Sinto-me mal por ele.
— Boa noite, você poderia me arrumar uma moeda? — Estende a mão molhada para mim.
— Um momento.
Procuro na bolsa, vasculhando os bolsos de fora e dentro. Será que tem alguma coisa? Encontro uma nota de dois reais e entrego para ele. Ele apenas queria ajuda.
— Obrigado, Deus lhe abençoe — ele hesita, olhando para mim. — Moça… Tem alguma coisa errada? Sabe, Deus nunca coloca na nossa vida problemas que a gente não possa resolver.
Estarreço, os olhos arregalados. É tão óbvio assim?.
— Obrigada, moço, mas é besteira minha — Forço um sorriso sem graça.
— Se cuide, moça.
Sigo apressada, ainda meio sem jeito. Vejo o farol ao longe. Estou tremendo da cabeça aos pés. Diminuo o passo, observando ao meu redor.
Assim que chego ao fundo, noto que estou sendo seguida. Meu coração acelera, minha respiração fica irregular. O que eu faço? Paro.
Sinto um cheiro forte quando alguém passa por mim e para em minha frente. Dessa vez, não tive a mesma sorte.
— Sem alarde, passa tudo de valor. Celular, dinheiro…
Ele está definitivamente drogado. Estou tão ansiosa que acontece o pior: eu começo a perder o controle. Coloco as mãos nos bolsos para evitar que ele perceba.
— Moço, me desculpa…
— Está me ouvindo? — Ele me interrompe. — Faça o que eu disse ou…
Eu sinto as descargas começarem aos poucos. Ele fica irritado.
— Tira a mão do bolso. O que você…
Eu obedeço, com medo, mostrando as mãos para ele e a energia começa a me rodear. Ele dá um passo para trás. Fico mais temerosa ainda. E se alguém nos vir?
Quanto mais assustada eu me sinto, mais a eletricidade se descontrola. Eu posso ver a corrente aumentando ao meu redor e tenho certeza que ele também. Forma-se uma grade redonda de fios azuis pulsantes.
Um vórtice de energia cada vez maior se forma. Não consigo controlar e acabo desferindo-lhe uma torrente forte. Ele cai, não sei se morto ou vivo.
Meu Deus! Assusto-me.
— Moço? Moço!
Não posso me aproximar dele porque o eletrocutaria novamente. Não, não, não! Eu não posso ajudar. Tenho que sair daqui… mas, primeiro, eu tenho que lidar com isso.
Fecho os olhos, respiro prestando bastante atenção, como aprendi ao longo do tempo. É difícil me concentrar, dado o que aconteceu, mas, depois de alguns minutos, sinto que está tudo bem. Abro os olhos e, concluindo que estou segura, sigo em direção às rochas rapidamente, conferindo se alguém me viu.
Chego ao Buraco da Sereia por volta das duas da manhã. Olho ao redor tremendo, envolta em meus próprios braços. Ninguém. Sinto uma pontada de decepção.
Bem, talvez seja melhor esperar um pouco, já que vim até aqui… Então, me sento na grama, virada para as pedras e observo o mar. Meu Deus… e se eu matei aquele cara? Será que foi tão forte assim?
Por uma hora, permaneço sentada, checando impacientemente o relógio do celular de tempos em tempos. Volta e meia, olho na direção onde deixei o corpo, culpada. Então, desisto.
Tudo isso pra nada… Meus olhos se enchem de lágrimas, eu olho para o céu e deixo a chuva lavar meu rosto. Foi só um sonho, afinal.
Respiro fundo, controlando o choro e me levanto para ir embora. Então, sinto um vento forte vir de cima e protejo os olhos. Quando a ventania repentina passa, sinto um cheiro familiar.
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