Livro Físico
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Em meio ao massacre de Kaluana, um dos invasores mantém a espada limpa. De porte imponente e com uma presença magnética que capturava todos ao redor, ele observa o poder destrutivo das máquinas de guerra. Os dominadores empregam uma tecnologia que mistura ciência e magia, a qual o homem do leste sabe que terá um alto custo para o mundo. Não obstante, preocupações de natureza diferente lhe ocorrem. Atendendo pelo nome de Cortina, sua motivação é buscar aquele que o auxiliará a cumprir uma escusa vingança contra o assassino de sua esposa, Olga. Para isso, precisará chegar a Túrin, a maior nação do Oeste. Lá encontrará um dos Nove, cuja influência pode mudar os destinos do mundo. Na terra de Vera Cruz, onde a servidão a senhores vulgares e a superstição reinam absolutas, a Névoa se alastra, trazendo os maiores pesadelos dos homens. Sob a ameaça de monstros regionais e aberrações cujas formas prescindem de registro em qualquer bestiário, Cortina enfrentará demônios interiores e exteriores que o levarão ao limiar da sanidade. Entre a guerra e a hostilidade do país tropical, o homem do leste entenderá que o mundo que outrora conheceu mudou e nesta era sombria os recursos que lhe restaram são a espada negra Trevalada, sua sabedoria com as potências da Névoa e aliados de intenção duvidosa. Entre estes, conta o sobrevivente do massacre dos pataxós, Endi. Com uma marca em forma de cruz no peito, o indígena demonstra estranhos poderes que o tornam cada vez mais fundamental na jornada ao mesmo tempo em que sua curiosidade ameaça os segredos de Cortina. À jornada somam-se a malícia da cigana Rubi e os interesses do ambicioso caçador de monstros, Yancy, apelidado “Pássaro”. Conforme os dias passam no Oeste, os véus que encobrem as dinâmicas de poder são revelados e a esperança se mostra cada vez mais em xeque.
Gabriel Ennes é autor de Os Nove Desconhecidos, obra que mergulha em um mundo de conspirações perpetradas por ordens iniciáticas cuja procedência desafia a imaginação dos profanos.
Com formação em Engenharia de Produção e experiência como consultor em gestão, Gabriel alia sua mente analítica ao interesse por cultura, filosofia e religião. Em seu canal no YouTube, Rushdoony Brasil, produz conteúdo digital, abordando temas polêmicos.
Subgênero: Fantasia
Páginas: 260
Autores: Gabriel Ennes
Formato: 15 x 21cm
Acabamento: Sem Laminação
Miolo: Pólen 80g
Edição: 1 ª Edição
O homem do leste acordou ao som de gritos.
Fazia semanas desde que seu sono deixou de ser reparador. Sentia um cansaço frequente, hmaior na alma que no corpo. Quando os tambores rufaram, soube que começaria o conflito.
À postos na proa da aeroembarcação, seus companheiros de cabine se agitavam. Eram quatro, contando com ele. Dois não possuíam mais de quatorze primaveras. Já o outro, o mais falante de todos, era franzino e lutou na guerra contra Montecastelo, vinte anos atrás. Possuía uma verruga horrenda abaixo do olho esquerdo e tinha dentes podres. Chamavam- no Bolado.
— Qual o seu nome, dorminhoco? — Tomou a coragem de lhe perguntar só no terceiro dia de viagem. Todos tinham um apelido pelo qual atendiam.
Não o recriminava. De fato, dormia mais que o normal. Não participava dos jogos, nem das conversas e evitava todo tipo de serviço que fosse possível.
— Por causa da minha hostilidade ao sol, acho que podem me chamar Cortina — respondeu, com um sorriso. Era pra ser uma piada, mas não soou engraçado.
Seus companheiros passaram a chamá-lo por aquele nome estúpido. O homem do leste sabia ser bem-humorado e até gentil quando necessário. Isso, na maioria das vezes, reduzia o temor que sua aparência causava. Depois do primeiro contato, se puseram a conversar sobre banalidades: lugares, comidas e características de Vera Cruz. Cortina entendia de tudo e tomava sempre o cuidado de mostrar menos do que sabia.
— Já esteve na guerra alguma vez? — Perguntou-lhe um dos jovens apelidado Bode, devido à barbicha que lembrava o animal.
— Nunca — respondeu Cortina. — Costumava ser um intelectual, não um guerreiro.
— Acho que além do Bolado, não temos nenhum guerreiro de verdade por aqui — riu o outro, chamado Pastor, nunca soube se devido ao ofício ou à religião.
— Pra tudo tem uma primeira vez — disse Bolado, dando de ombros. — Lembro-me de quando fui pra guerra. Estávamos em desvantagem e foi uma batalha terrível. Meus companheiros mais velhos achavam que não duraria nada, mas estou aqui e os corpos deles nesse exato momento, são comida de vermes!
Um feito notável! Poucos sobreviveram àquele conflito. Mesmo assim, duvidava que qualquer um daqueles três escapasse à guerra, fruto da ambição do novo imperador.
Grandes impérios nunca foram construídos a partir da misericórdia e a conquista de Kaluana não seria diferente. As areias da praia eram claras, com coqueiros e árvores tropicais na costa. Quando os nativos de avistaram as aeroembarcações, correram desesperados em direção às colinas. No cume, havia uma capela branca, rodeada de casas vermelhas, verdes e amarelas. Um espetáculo de cores. Os nativos de Vera Cruz deviam muito de seu estilo aos seus primeiros colonizadores, os andantes da Ibéria que os mantiveram sob controle por dois séculos.
Crianças observavam as aeroembarcações com curiosidade. Uma delas se tornou uma estátua e a mãe a puxou. Havia um observatório acima de falésias de pedras brancas, mas sua finalidade era detectar inimigos vindos do mar. O vigia nunca entenderia que sombras voadoras eram aquelas vindas do leste.
Os aerobarcos abriram os canhões explodindo casas, construções e pontes. O desespero tomava conta dos poucos guerreiros que venciam a consternação, atirando em vão suas flechas contra os cascos dos enormes veículos aéreos. Seria possível derrotar Kaluana apenas com eles, mas o general Tulkas era convencido demais para não dar aos nativos o que chamava de uma luta justa. Por esse motivo, três das oito aeroembarcações aterrissaram, liberando soldados. Cortina teve o azar de estar em uma das que pousaram pouco à frente da cidade.
Com menos de meia-hora, a morte fazia sua colheita. Por todo lado, eram cabeças cortadas e entranhas espalhadas pelo chão. Cortina sabia bem o que era a guerra. Participara de centenas delas. Sabia que Tulkas cometeu um erro. As aeroembarcações fariam com que aquilo sequer chegasse a ser uma batalha. Por causa da obstinação do general, os nativos chegaram a dar trabalho para os borislavianos.
Apesar de pouco versado nas artes da guerra mais modernas, os habitantes de Vera Cruz eram bons arqueiros e mataram muitos guerreiros do leste. Suas flechas eram rápidas enquanto os mosquetes de Borislav não eram tão funcionais. Em uma chuva de setas, Bode foi atingido na panturrilha, no abdômen e perto do pescoço. Cortina testemunhou o último olhar de seu companheiro.
Chegou a vez de Bolado. Sua morte foi tragicômica. Abateram-no com uma pedra, jogada por uma menina de não mais que dez anos, enquanto ajudava uma horda a arrombar um portão com o aríete. Uma tristeza! O homem sobreviveu a Montecastelo, mas pereceu em um empreendimento militar que, feito de outra forma, mal seria uma batalha. Passadas duas horas de combate, o sol se punha milhas e milhas aquém do mar que banhava Kaluana. Foi quando viu o general Tulkas, saltando de sua caravela alada Angélica. Junto a ele, se amontoaram uma dúzia de guerreiros.
— Por Borislav! — Gritou o general. — Lutem homens! Se alguém morrer de espada limpa, vou atirar o cadáver no mar!
Foi nessa hora que os navios chegaram, atracando no cais de Kaluana. Alguns guerreiros de Vera Cruz ainda reagiam com coragem. Esta se esvaiu quando viram o que continham. A noite caía quando o primeiro golem saiu, uma máquina desajeitada feita de metal. Tinha braços que tocavam o chão como os de um gorila. Seus olhos eram vermelhos e fazia um barulho ruidoso enquanto andava. A besta férrea correu em direção a cidade esmagando kaluenses conforme os atingia com seus membros. O segundo golem veio logo atrás. Atirava fogo por um orifício no lugar das mãos. Diante dele, homens foram consumidos pelas chamas.
As flechas dos nativos de Kaluana eram despedaçadas no impacto contra as armaduras dos golens. Como cavalos de antolhos, os monstros se dirigiam sempre à frente, indiferentes a quem ou o que atingiam. Eram movidos pela Névoa, o que lhes conferia uma fúria incontrolável em momentos de tensão.
Depois dos dois primeiros, certamente vieram outros. Cortina não quis ver. A raiva bateu a porta de sua alma enquanto Kaluana era posta sob controle dos homens do leste. O Terceiro usurpou o que era meu por direito, lembrou. Aquele não era um lugar para o ressentimento.
Ouviu brados de vitória e a voz retumbante do general Tulkas:
— Cidadãos de Vera Cruz, alegrem-se! A partir de agora vocês fazem parte do império de Borislav!
Ordo ab Chao! Ordo ab Chao! Os homens gritavam exultantes. Para existir ordem, era preciso antes trazer o caos. A guerra era a maneira mais apropriada para esse propósito. O Terceiro aprendeu muito bem, constatou Cortina diante da destruição à sua volta. Aquela era a primeira das muitas conquistas que Borislav empreenderia. Razão pela qual deveria apressar sua ida ao Oeste.
Os soldados tiveram de empilhar muitos corpos, a maioria de nativos de Vera Cruz. Fizeram uma pira no centro da cidade. As chamas chegaram a seis metros de altura. A fumaça enchia as narinas de Cortina enquanto carregava os corpos de Bolado e Bode. Diante dela, um padre celebrava uma rápida cerimônia fúnebre.
— Há tempo para todas as coisas — dizia o clérigo borislaviano. — Hoje é tempo de guerra. Que El tenha misericórdia das almas de nossos guerreiros cujas mulheres e filhos ficarão desamparados!
A contagem de mortos foi de duzentos e quarenta nativos, e trinta e quatro borislavianos. Enquanto o padre falava, Cortina olhava para o rosto de Bolado espremido entre vários corpos. Um sorriso macabro surgiu em seu rosto quando as chamas o tocaram.
Ainda era possível ouvir o bater de placas de alguns golens em sua destruição.
— Mercenário! — Um dos capitães o abordou, cingido de armadura de placas. — Venha ajudar a parar as bestas!
Cortina se aborreceu com a petulância do homem, mas ansiava pelo fim daquele show de horrores. O seguiu até a praça, onde um golem branco corria como um touro desgovernado. A criatura derrubou barracas e estilhaçou mesas, assustando os nativos. O efeito da Névoa sobre ele cessava e o brilho vermelho de seus olhos desvanecia.
— Peguem a lâmpada! — Gritou o capitão. — A lâmpada!
Com a ajuda de quatro soldados, Cortina pegou um instrumento que lembrava uma grande mangueira acoplada a um caixote metálico com uma manivela. Ele mesmo se voluntariou a conduzir a mangueira até o monstro.
— Abrir comporta! — Bradou o capitão.
Num poderoso movimento de sucção, a Névoa foi puxada do golem para dentro da, assim chamada, lâmpada. A substância formava uma membrana esbranquiçada que era arrancada como uma alma desprendida do corpo. Vários nativos se aglomeraram em volta do lugar. O golem gritava em um som estridente e metálico e se debatia, enquanto seus olhos malignos fitavam com repulsa o homem do leste. De súbito, a criatura trotou como um cavalo em sua direção. Cortina, soltou a mangueira e se esquivou para o lado.
— Está louco? — Ouviu alguém gritar. — É perigoso!
Cortina o ignorou, recuperando a mangueira. Esperou sua próxima investida. Quando estava a menos de três metros de distância, apontou o bico da mangueira na cabeça do monstro. Sentiu a Névoa que o alimentava pulsar violentamente pelo cano. A besta férrea então tombou, erguendo uma nuvem de poeira. Sobrou apenas um amontoado de lata.
O feito despertou olhares de consternação não só por parte dos nativos. Logo, se aproximou o capitão, com um sorriso no rosto.
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