Livro Físico
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1 – A pré-venda desta obra literária será realizada entre os dias 1 de julho a 18 de agosto;
2 – A partir do dia 19 de agosto, a editora conclui o projeto gráfico e envia os pedidos para a gráfica responsável pela impressão dos livros;
3 – Os envios começam a partir do dia 26 de agosto. O cliente é avisado do envio pelo email cadastrado no ato da compra;
4 – O cliente pode solicitar reembolso do valor investido na pré-venda até o dia 18 de agosto.
E se fosse proibido se unir a quem você ama?
Século II EC, Éire vive uma era de ouro, governada pelo rei Cormac. Ele delega uma missão para a filha e também druidesa: salvar a alma de um jovem atormentado pela herança do homem-lobo mais sanguinária da ilha.
Na tribo dos fianna, a princesa descobre um guerreiro ferido, com o espírito preenchido de virtude. A paixão entre ambos é inevitável, mas ameaçada por uma profecia.
Ele domará a fera interior? Por quanto tempo o casal durará, quando uma nobreza dominada por ressentimento conspira vingança?
Desvende nessa história o poder da verdadeira família, a ferocidade humana e as consequências de manipular forças além da compreensão.
Isadora de Castro nasceu em 1993, na região metropolitana de São Paulo. Graduada em letras e pós-graduada em Tradução Audiovisual, atua como professora. Também politeísta, taróloga, casada e mãe de dois gatos. Já participou de antologias e revistas, conquistou o oitavo lugar no décimo Concurso de Contos Dirce Doroti Merlin Clève. A Rainha dos Lobos é uma declaração de seu amor pela história antiga e paganismo. Uma ideia sonhada e libertada, mas que só viverá se você a ler.
Subgênero: Fantasia
Páginas: 345
Autores: Isadora de Castro
Formato: 15 x 21cm
Acabamento: Sem Laminação
Miolo: Pólen 80g
Edição: 1ª Edição
Anya guardou as ervas, adaga e poções na bolsa.
Prendeu o galho de druida na cintura e ajeitou o vestido cor de céu, prático, mas bordado o suficiente para indicar sua posição. Em seguida saiu às pressas para a audiência. Aquela seria a grande oportunidade.
Ela chegou a tempo, mesmo assim correu até o homem com cabelos de sol. Cáel, o Rí, líder dos Fianna. O cumprimentou e ficou próxima dos soberanos.
Cáel era muito mais alto visto de perto. Conheceu o rei ainda jovem, quando ele vivia na floresta. Era célebre por ser o único filho vivo do lendário guerreiro Fionn Mac Cumhaill e por fazer sucesso com as mulheres, porém a rainha o olhava com desaprovação.
— Estou aqui por desespero, rei Cormac. Em nome dos serviços que os Fianna já prestaram no passado e de nossa união, eu lhe rogo que ajude meu sobrinho.
— Me diga o que precisa, velho aliado.
— Sua filha caçula, Anya. Ela é uma fáithe habilidosa. Peço que a deixe ir comigo para curar meu sobrinho. Eu e meus guerreiros prometemos segurança total.
A princesa sentiu o sangue subir até as sardas do rosto. Queria muito ir, mas a rainha, sempre contra seus planos, interveio:
— Como posso permitir que a leve até a floresta para ficar no meio de homens-lobo? Não pode trazer seu sobrinho para cá?
— Eu receio que não, majestade. Isso colocaria em risco a saúde dele.
— E prefere arriscar a saúde da minha filha?
— De maneira alguma. Mas, ele está igual um animal ferido. É melhor deixá-lo quieto.
— Se ele se tornou um animal, então não há o que fazer.
O rei apertou as mãos da esposa e eles trocaram sussurros. Anya e Cáel se esforçaram para ouvir os perfeitos opostos: Eithne refletia uma razão fria nos olhos de inverno, a personalidade reclusa em vestes escuras. Cormac emanava calor nas roupas douradas e todos os filhos sabiam que seu coração era tão mole quanto um fruto maduro do verão.
Por fim, a discussão encerrou. O regente coçou a longa barba ruiva antes de se levantar. O céu se abriu e por um momento, um raio de sol reluziu no broche do manto, como se os Deuses demonstrassem afeto por ele.
— Aos Fianna eu devo minha vida e o reino de Éire deve mais do que podemos imaginar. Anya!
Ela se colocou a postos.
— Acha que tem capacidade para esta tarefa?
— Sim.
— Você tem até a lua minguante. Quanto a Cáel, deve garantir a segurança da minha filha, devolvendo-a inteira e casta como ela é agora.
O acordo foi selado e a fáithe se preparou para partir. Ficou extremamente irritada, pois sua mãe previu que ela não aguentaria três noites na vida dos fianna. Fez um esforço colossal para não a retrucar enquanto montava. Também teve de levar a aia na garupa. Os pais não confiavam nela mesmo após dezoito invernos.
Então o cavalo desceu a colina de Tara, fazendo Anya sorrir contra o vento da manhã soprando no rosto e cabelos. Deixava o palácio do pai e os atritos com a mãe para trás. Adentrava a floresta e entendia porquê Éire era chamada de Ilha Esmeralda: todas as árvores ao redor estavam cheias de folhas viçosas quase tocando o céu de verão.
— Fique perto de mim e não faça barulho — Cáel a orientou, levantando o braço com cicatrizes claras.
Os rumores diziam que sozinho o Rí matou duzentos numa batalha. Homens como ele formavam a força militar do rei de Midhe, tal apoio garantia uma influência superior ao regente. Sempre imaginou do que eram capazes quando se uniam. Em breve ela saberia.
O local estava sobre uma elevação, cercada por um círculo de troncos afiados. O único portão se abriu com um estalo, revelando cabanas arredondadas de madeira e pedra. Os guerreiros se ocupavam com os animais, forja e coisas do cotidiano. Cães com mais de meio metro de altura foram os primeiros a cumprimentá-los.
— Bem-vindas a alcateia. — O líder as ajudou a desmontarem. — É um local rudimentar, como a rainha disse, mas será bem tratada aqui.
Anya agradeceu e olhou ao redor. Era simples, mas nada tão primitivo como a mãe dissera. Um homem da sua altura e rosto fino se aproximou após fechar o portão, acompanhado de um fian ainda mais novo que ela, com cabelo ruivo raspado nas laterais. Cáel os tocou nos ombros.
— Este é Lugh, nosso mestre de todas as artes. Esse cabeça enferrujada é meu filho, Oscar. Aquela açougueira lá atrás é Meave, a minha filha. Meave! — Gritou para a jovem alta que esfolava um javali. Com uma voz de trovão, ela retrucou que estava muito suja para se aproximar. Anya cumprimentou os rapazes.
— Onde está seu sobrinho? Nem sei o nome dele.
— Sente-se.
Todos se acomodaram nas pedras no chão, formando um círculo. Houve o breve silêncio precedente de histórias. Lugh coçou a barba escura e começou, a voz era semelhante a dos druidas da assembleia.
— O buscamos em Alba, desnorteado. Receio que os ferimentos de meu irmão sejam profundos demais para minha magia. Seu corpo está estável, mas sua mente e espírito foram quebrados…
— A senhora já ouviu sobre os homens-faolchú? — Oscar o interrompeu.
— Você quer dizer os faoladh, os homens-lobo? Sim. Os estrangeiros também nos chamam de celtas, bandidos e selvagens. — Anya deu um pequeno riso até a encararem com censura.
— Os faoladh são reais. Meu primo Faolán é um. Ele vira um lobo carrancudo, mas é bom guerreiro e amigo.
— Isso o resume bem.
Ela piscou os olhos duas vezes, com dificuldade em assimilar a informação. Em seguida, Cáel relatou como Faolán viajou até Gaul para procurar a família da mãe, mas foi capturado e muito mal tratado. Faminto, se transformou em lobo, devorando alguns dos torturadores para fugir.
— A carne dos homens é a perdição para alguém como ele. — O jovem de cabelos escuros deu um suspiro. — Com muito custo o fiz voltar à forma humana usando magia, mas há noites em que… não adianta.
Após uma pausa, o fian dobrou a manga da túnica e mostrou três arranhões em carne viva, feitos por garras. Anya percorreu as lacerações com os dedos, apenas imaginando qual tipo de tortura tornaria alguém capaz de ferir o próprio irmão. Sentia pena do infeliz, misturada ao medo crescente em lidar com um faoladh. Como se lesse seus pensamentos, Oscar colocou-se de joelhos e a agarrou nos pulsos.
— Ajude-o, por favor! Não deixe que o matem!
Cáel levantou o filho pelo braço e o obrigou a se recompor. Sem dúvidas, era um bom homem para o garoto implorar daquela forma, mas a última frase a perturbou. Estariam os fianna pensando em sacrificá-lo?
— Quero vê-lo agora.
Foi levada até uma das cabanas redondas. Havia uma cela improvisada, feita de lanças encaixadas às paredes. Dentro dela, um homem sentado com a cabeça abaixada, coberta por cabelos longos da cor das asas dos corvos. Ele tinha correntes nos tornozelos.
— Trouxemos a princesa, filho — O Rí bateu nas grades.
Anya viu um par de olhos brilharem.
— Vá embora.
— Tenha modos! Ela ficará até a lua minguar, nove noites. Se não resolver… nós resolvemos como você pediu.
“Se ele se tornou um animal, então não há o que fazer.”
Lembrou-se das palavras da mãe ao notar a tristeza no semblante do chefe do clã, apertando o cabo de sua espada. Eles realmente consideravam um sacrifício, como se ele fosse um cavalo doente.
— Podem nos deixar a sós?
Os guerreiros saíram de imediato, enquanto a aia agarrou o braço da protegida.
— Eu não vou deixá-la com um homem-lobo!
A princesa virou-se para a mulher que cuidava dela desde tenra idade, possuindo as rugas de preocupação como prova. Ajeitou um cacho castanho dentro do lenço de Sinann e a acariciou no rosto.
— Ele está preso, não há perigo. Viu que abateram um javali hoje? Ninguém o temperará como você.
— Estarei na porta. É bom que ele cubra esse peito. — A mulher saiu com passos hesitantes, sem quebrar contato visual.
Anya aproximou-se da cela. Obedecendo a ordem, Faolán prendia o manto com um broche sobre os ombros largos e morenos. Os olhos verde-musgo a fitaram por um breve instante, então ele se pôs a traçar as linhas no tecido.
— Meu nome é Anya e vim de boa vontade.
— Perde seu tempo. — O timbre grave preencheu o ambiente.
— Por quê?
— Porque deixei de ser um homem e agora sou um monstro. Um peso para meus irmãos.
Anya encostou seu galho de druida na cela e faíscas azuis do tamanho de vagalumes surgiram. Sentiu-se mais segura com a magia de proteção.
— Por favor, me conte o que houve lá.
— Eu viajei até Gaul para saber mais sobre a família da minha mãe. Ela era uma faoladh assim como eu. Não descobri muita coisa.
— Continue.
— Vieram de madrugada. Tentei lutar, mas perdi a consciência. Acordei numa cela menor que essa. Um cheiro forte de bebida e muitos homens apostando.
Ela permaneceu em silêncio. O semblante do homem se fechou, causando arrepios à medida que prosseguia.
— Só queriam violência. Lutas até a morte mais brutal. Quando eu não obedecia, eles…
— Eles o que?
Faolán soltou parte do manto, revelando um mapa de vergões azuis e amarelos nas costas. Foi açoitado diversas vezes, além de queimado. Diante das lacerações da tortura, Anya levou as mãos à boca, contendo um grito. Em seguida, respirou fundo para manter a calma, tinha de saber tudo.
— Como você fugiu?
— Não é assunto para uma princesa.
— Sou uma Fáithe. Me diga.
— Eu sentia fome o tempo todo. Pedi forças às Três Lobas e me transformei. Me lembro de quebrar os ossos deles e rasgar os pedaços de carne. Eu engolia sem mastigar.
A ânsia invadiu o estômago da fáithe e ela se afastou devagar da cela, até um solavanco a puxar contra as grades. Faolán a segurava enquanto recebia toda a descarga mágica das lanças no braço. Agora de pé, ele era um gigante, com olhos verdes brilhando, além dos caninos afiados ao rosnar:
— Eu ainda sinto o gosto do sangue e a mesma fome.
— Me solte, agora! — Anya se debateu.
— Diga que não pode fazer nada. Ordene a minha morte!
Finalmente, se lembrou da adaga e cravou-a na mão dele. Livre, ela correu o mais rápido que pôde.
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